DOMINGO DE PENTECOSTES
No Livro dos
Actos dos Apóstolos, ao capítulo 2 podemos ler:
«Chegando
o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio
do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde
estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se
repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito
Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia
que falassem.
Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos de
todas as nações que há debaixo do céu.
Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e
maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua.»
(Ac. 2, 1-6)
Pelas primeiras
palavras ficamos com uma certeza: a festa de Pentecostes — que
significa 50 dias — já existia no calendário judaico e comemorava o
quinquagésimo dia após a aparição de Deus no Monte Sinai e a entrega da Lei
divina a Moisés.
Foi esse dia que
o Senhor escolheu para cumprir a promessa feita aos seus apóstolos, pouco antes
da sua Ascensão: “vós sereis baptizados
no Espírito Santo daqui a poucos dias” (Ac. 1, 5)
E assim
aconteceu, quando “estavam todos reunidos
no mesmo lugar”, ou seja no Cenáculo onde Jesus instaurara o Sacramento por
excelência, a Divina Eucaristia.
Também está claro
no texto que “estavam todos” ou
sejam: “Pedro e João, Tiago, André,
Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelador, e
Judas, irmão de Tiago. Todos eles perseveravam unanimemente na oração,
juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus”. (Ac. 1, 13-14)
Não está dito que
os discípulos ali estivessem também, mas temos a certeza que “Maria, Mãe de Jesus”, ali se encontrava
e todos unidos “perseveravam unanimemente
na oração”.
O Espírito de
Deus poderia ter-se manifestado no silêncio daqueles corações que unanimemente
o louvavam, mas não, manifestou-se primeiramente de maneira “ruidosa”, visto
que São Lucas diz que “veio do céu um
ruído, como se soprasse um vento impetuoso”, o que teve como resultado, não
só de encher “toda a casa onde estavam
sentados”, mas também, ao mesmo tempo, ou logo após, aparecessem “uma espécie de línguas de fogo que se
repartiram e pousaram sobre cada um deles”, o que teve como consequência
imediata que ficassem “cheios do Espírito
Santo e começassem a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia
que falassem”.
Que grandes são
as maravilhas de Deus!
Mas aquele ruído
que se espalhou pelo Cenáculo a quando da descida do Espírito de Deus, não
ficou escondido, não foi uma dádiva destinada unicamente a alguns
privilegiados: o Espírito de Deus, o Espírito Santo vai ter efeitos imediatos
sobre a multidão, porque “achavam-se
então em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu”. Também eles ouviram aquele ruído
particular e desconhecido, que os levou a acorrem, eis porque “se reuniu muita gente e maravilhava-se”,
porque cada um deles ouvia os apóstolos — que sem medo, tinham saído
e continuando a falar em línguas, anunciavam a “Boa Nova do Reino” — “na sua própria língua”.
Milagre do
Senhor, que de homens fracos e medrosos, fez homens corajosos e intrépidos,
homens que já não tinham medo das represálias dos judeus, homens que tinham
palavras persuasivas e cheias de sabedoria que aqueles que os conheciam
pensaram mesmo que estivessem embriagados.
Sim, embriagados
estavam, não de vinho da videira, mas sim dos Dons do Espírito de Deus que
acabavam de receber.
O primeiro
discurso de Pedro foi tão persuasivo que os presentes “ao ouvirem essas coisas, ficaram compungidos no íntimo do coração e
indagaram de Pedro e dos demais apóstolos: Que devemos fazer, irmãos?
Pedro lhes respondeu: Arrependei-vos e cada um de
vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e
recebereis o dom do Espírito Santo”. (Ac. 2, 37-39)
Palavra de
consolação agora, para todos nós:
“Pois a promessa é para vós, para vossos
filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus”.
(Ac. 2, 39)
Assim seja.
Nuno Álvares