sábado, 4 de outubro de 2008

BEM-AVENTURADOS

Bem-aventurados aqueles...

O Evangelista S. Mateus propõe-nos hoje uma das mais belas páginas dos Evangelhos: o “Sermão da montanha”, depois de nos ter dito que Jesus, « começou a percorrer toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino e curando entre o povo todas as doenças e enfermidades. »
Provavelmente que estas curas ― o espectacular causa sempre admiração e sensação! ― e o ensinamento proposto por Jesus, foram depressa anunciados ao longe e ao perto e por isso mesmo, « seguiram-no grandes multidões, vindas da Galiléia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e de além do Jordão », multidões ávidas não só de sensacional, mas também de ensinamentos claros, objectivos, e dados com amor e mansidão, visto que, como diz o salmista, « o Senhor ilumina os olhos dos cegos, o Senhor levanta os abatidos, o Senhor ama os justos; o Senhor protege os peregrinos, ampara o órfão e a viúva e entrava o caminho aos pecadores. »
Foi numa dessas ocasiões de grande afluência, que « ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-se. Rodearam-no os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo », não só para os discípulos que o rodeavam, mas também e sobretudo para aquelas “multidões” que o seguiam :
« Bem-aventurados... »
Mas bem-aventurados quem e porquê?
« Os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus;
os que choram, porque serão consolados;
os humildes, porque possuirão a terra;
os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados;
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia;
os puros de coração, porque verão a Deus;
os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus;
os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus »

E ainda mais, mais forte...
« Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. »
E para culminar estas bem-aventuranças, Jesus promete e afirma com força aos que o escutam:
« Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa ».
Estas bem-aventuranças são na verdade um autêntico hino ao amor de Deus, à sua misericórdia para connosco. Na verdade são bem-aventurados todos aqueles que colocam as suas vidas e todo o seu ser nas Mãos de Deus; que eles sejam “pobres em espírito”, que eles “chorem” por causa das vicissitudes da vida, que sejam “humildes”, que tenham “fome ou sede de justiça”, os que são “misericordiosos”, os que são “puros de coração”, “os que promovem a paz”, os que sofrem perseguição” e de maneira particular aqueles que por causa de Jesus, são insultados, perseguidos, maltratados, caluniados e, muitas vezes martirizados... E se assim acontece, é porque todos eles amaram, amaram ao ponto de tudo aceitarem por amor de Cristo.
Para melhor o compreendermos, bastará recordar os nomes de tantos santos, muitos dos nossos tempos, que a Igreja elevou às honras dos altares: Santa Teresa de Ávila, S. João da Cruz, S. Francisco Xavier, S. João de Brito, Santo António de Lisboa e, mais perto de nós, Francisco e Jacinta de Fátima, Rita Amada de Jesus e Alexandrina de Balasar. Todos eles sofreram com amor perseguições, calúnias, insultos e o martírio, para dois dos acima citados.
Mas todos eles tinham esta certeza da promessa divina:
« Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa ».
Bem-aventurados todos aqueles que praticam os dois primeiros Mandamentos de Deus: “Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos”.
Não esqueçamos nunca o que dizia a bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá: “Nós seremos julgados pelo amor que demos”.
Assim como não devemos esquecer o que S. Paulo afirma na epístola de hoje:
« Mas Deus escolheu o que é louco aos olhos do mundo para confundir os sábios ; escolheu o que é vil e desprezível, o que nada vale aos olhos do mundo, para reduzir a nada aquilo que vale, a fim de que nenhuma criatura se possa gloriar diante de Deus. »

Afonso Rocha
Comentário para o 4º Domingo do Tempo Comum, ano A

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